O governo brasileiro divulgou nesta terça-feira, 18, uma declaração conjunta com outros 16 países pedindo que as eleições para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) não sejam adiadas. O texto é uma resposta a um movimento encabeçado pelo alto representante de Política Exterior e Segurança Comum da União Europeia, Josep Borell, para postergar a eleição de setembro para março.

“A eleição do presidente do BID é de extrema importância para nossa região e para conduzir o banco no enfrentamento do maior desafio da era contemporânea”, afirma a nota do governo brasileiro e aliados. “Nossos povos precisam de soluções que não podem ser adiadas”.

Além dos europeus, Chile e México também defenderam o adiamento, enquanto a Argentina tem apoiado a ideia nos bastidores. Esses países têm, juntos, mais de 25% do poder de voto no banco, o que seria suficiente para interditar a eleição.

Na nota conjunta dos ministérios da Economia e das Relações Exteriores, o governo brasileiro associa-se a outros países, o principal deles os Estados Unidos. Na América do Sul, assinam o texto ainda Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Suriname, Guiana e Venezuela. A lista de nações inclui ainda Bahamas, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, Panamá e República Dominicana.

A nota destaca ainda que a reunião da Diretoria Executiva do BID decidiu que a eleição para presidente do banco ocorrerá nos dias 12 e 13 de setembro, em reunião virtual do conselho de governadores. O texto insta ainda os países-membros a cumprir, “no prazo e forma indicados”, as resoluções já aprovadas pelos diretores e governadores.

“Será extremamente importante preservar a integridade desse processo e das decisões tomadas pelos diretores e governadores do banco para proteger os interesses da região, bem como a soberania hemisférica de nosso banco interamericano”, completa.

Reação

O pedido de adiamento tem como pano de fundo a resistência à indicação do americano Mauricio Claver-Carone, feita pelos Estados Unidos, para chefiar o BID.

A indicação de Carone pelo governo Donald Trump quebrou a tradição dos últimos 60 anos de ter um nome da América Latina chefiando a presidência do principal banco de desenvolvimento da região. Foi uma derrota, inclusive, para o Brasil, que articulava a indicação de um brasileiro para o cargo.

Aliado de primeira linha de Trump, o governo do presidente Jair Bolsonaro, porém, recuou e decidiu apoiar o nome norte-americano.

A tentativa do governo americano de emplacar um nome como presidente do BID incomodou governos da região. Por já serem os maiores acionistas, os EUA costumam ficar de fora do rodízio de presidentes do banco.

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