Aos 21 anos a carioca Carolinna Pécsén enxergou na tatuagem um caminho para seguir em frente. As marcas de um passado de mutilações estão aos poucos sendo cobertas com desenhos escolhidos para ressignificar cada uma das cicatrizes, trazendo de volta um mundo que ela havia esquecido. Foi por isso que ela resolveu viajar do Rio de Janeiro até São Paulo: participar do Cicatrizes, projeto criado pelo tatuador e artista plástico Pietro Marinho, mais conhecido como Mahadevil. Durante o mês de setembro, conhecido como Mês de Combate ao Suicídio, ele vai tatuar de graça pessoas que carregam no corpo marcas causadas por depressão e ansiedade, por exemplo, dando visibilidade e reforçando a conscientização de dilemas que ele mesmo já enfrentou. “Eu sofri muito bullying na minha vida, muita homofobia e preconceito. Já tive com depressão e crises de ansiedade altíssimas. Sempre tatuei, sempre recebi pessoas com cicatrizes e me veio muito forte de receber estas pessoas neste mês e fazer todo o projeto de forma gratuita.”

No studio do artista, que fica bairro da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, ele atende apenas uma pessoa por dia em um ambiente acolhedor para que se sintam a vontade. Cada desenho é criado na hora e a intenção é continuar ajudando pessoas nos meses seguintes. A ideia do Pietro é inspirar outros tatuadores a transformarem cicatrizes que trazem lembranças de sofrimento em arte pura à flor da pele. Além da Carolinna, cada transformação é divulgada nas redes sociais do tatuador. E a iniciativa deu tão certo que cresceu, expandindo para os quatro cantos do país e mostrando um outro lado da vida para jovens e adultos.

*Com informações da repórter Hanna Beltrão