Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2020
Aos 102 anos, morreu em Porto Alegre o professor doutor João Gomes Mariante. Médico psicanalista, jornalista e escritor, ele faleceu no último domingo (09) após falência múltipla dos órgãos.
Formado pela Faculdade Fluminense de Medicina em 1946, Mariante foi membro titular da Associação de Psicologia e Psicoterapia de Grupo, membro efetivo da Internacional Psycho-Analytical Association, membro da Associação Brasileira de Psicanálise e decano da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina.
Na sua extensa carreira docente, foi professor de Psiquiatria Dinâmica da Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo, professor do curso de Psiquiatria para Graduados do Ministério da Saúde da República Argentina, professor extraordinário “Ad-honoren” da Cadeira de Psicopatologia da Universidade Argentina, professor de Psicoterapia Psicanalítica do Curso de Pós-Graduados da Unidade Docente do Hospital Neuropsiquiátrico de Hombres, professor do Curso de Extensão Universitária sobre “Grupos de Psicóticos” no Centro de Psicoterapia e Psicologia Grupal de Rosário (Argentina), professor no Curso de Extensão Universitária sobre “Dinâmica dos Grupos Operativos” no Centro de Psicoterapia e Psicologia de Rosário, professor no Curso de Extensão Universitária sobre “Diferença entre Grupos Operativos e Grupos Terapêuticos” no Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de Córdoba (Argentina).
Em Buenos Aires, desenvolveu intensiva atividade científica durante o período de oito anos em que lá viveu, realizou cursos, simpósios e outras atividades em conjunto com Jorge Luiz Borges e psicanalistas, destacando-se Arnaldo Rascovsky e Angel Garma. Em dois anos, ministrou Aulas Magnas na abertura dos cursos médicos da Faculdade de Medicina da Universidade da Argentina.
Em São Paulo, onde viveu por 26 anos, ministrou cerca de 80 palestras e vários cursos sobre psicanálise e psiquiatria em várias instituições de nível superior e, como membro efetivo da Associação Brasileira de Psicanálise, apresentou uma tese com o título: “A Psicopatia Larvada”, trabalho que mereceu aprovação unânime e por votação secreta.
Na sua extensa produção literária, escreveu os livros “Os Três no Divã”, “Três Ases de Trinta” e “Getúlio Vargas, O Lado Oculto do Presidente”, retratando estudos sobre sua convivência com Getúlio Vargas, Flores da Cunha e Osvaldo Aranha e narrativas de episódios vividos na companhia do ex-presidente.
Estava escrevendo os livros “Como Cheguei aos 100 anos”, um relato sobre sua própria história, e “Brasil, Desordem e Regresso”, uma análise histórica do Brasil contemporâneo.
Como jornalista, foi criador e editor do Jornal Mente Corpo, fundado em 2002. O jornal promoveu várias campanhas de fundo cultural e educativo. Também foi colaborador assíduo de jornais de grande circulação, escrevendo artigos.
Em sua extensa vida rotária, foi fundador do Rotary Club de Venâncio Aires, em 1949, co-fundador de inúmeros clubes de Rotary em cidades localizadas nos vales do Taquari e do Jacuí, como Santa Cruz do Sul, Lajeado e Estrela, e construtor do Centro de Cultura e Biblioteca Pública de Vila Melos, atual município de Vale Verde.
Sócio Honorário do Rotary Club de Porto Alegre, nono clube do Brasil e primeiro fundado na região sul em 1928, Mariante foi o homenageado especial da Conferência da Felicidade do Distrito 4680 realizada em Venâncio Aires em maio de 2017 em reconhecimento a sua longa história vinculada ao Rotary e recebeu o título de Cidadão Honorário da cidade.
Natural de Porto Alegre, onde nasceu em 26 de fevereiro de 1918, ele deixou dois filhos, Tulio e Claudia, cinco netos, Luciana, Fabio, Iná, Tito e Ivan, três bisnetos Tom, Eric e Isabela, e uma legião de amigos, colegas e companheiros de Rotary em todos os lugares por onde passou.