Aos 8 anos, o pequeno Lucas é um guerreiro. Em 2018, venceu a guerra contra um linfoma. Em julho deste ano, uma nova batalha surgiu: dessa vez, o menino foi diagnosticado com leucemia. Desde então, ele aguarda em São Paulo por um transplante de medula. Gladyson Demonier, o pai do menino, conta que os médicos identificaram três possíveis doadores 100% compatíveis com o Lucas — mas, por conta da pandemia de Covid-19, a equipe médica optou pelo transplante haploidêntico — procedimento em que o doador é um parente de primeiro grau. Pode ser o pai, a mãe, um irmão ou um filho — com 50% de compatibilidade, sendo uma alternativa quando não há um doador 100% compatível. No caso do Lucas, o pai foi o escolhido.

Renata Fittipaldi, oncologista do Graacc, conta que o transplante haploidêntico tem a mesma eficácia de um transplante feito por um doador totalmente compatível e o procedimento está se tornando cada vez mais comum. Mas, ainda segundo a especialista, ele exige uma equipe especializada para ser feito. “Assim eu consigo manter as mesmas chances de cura para o paciente. Ele veio como uma estratégia boa para a gente neste momento de pandemia”, explica.

O hospital do Graacc já realizou mais de 800 transplantes de medula óssea ao longo de seus 21 anos de atuação. Durante a pandemia de Covid-19, o centro de transplantes manteve os atendimentos — mas o número de procedimentos entre fevereiro e agosto deste ano caiu 21,9%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo a médica oncologista Renata Fittipaldi, a diminuição dos transplantes se deve principalmente ao número de pacientes e familiares infectados com o novo coronavírus. No ano passado, o Graacc realizou 80 transplantes de medula em crianças e adolescentes. A meta deste ano girava em torno de 70 a 80 procedimentos. Por conta da pandemia, a expectativa é que sejam feitos apenas de 55 a 60 transplantes em 2020.

*Com informações da repórter Caterina Achutti