Um fóssil de mais de 230 milhões de anos foi encontrado na região de São João do Polêsine, no Rio Grande do Sul. O Gnathorax cabreirai tinha um metro e meio de altura e três de comprimento e foi considerado pelos pesquisadores como um ancestral do Tiranossauro rex.

O dinossauro recebeu esse nome porque Gnathorax significa mandíbulas vorazes, em latim, indicando a característica predominante do predador; e cabreirai foi uma homenagem ao arqueólogo, Sérgio Cabreira, que descobriu o fóssil.

O paleontologista Rodrigo Muller falou sobre as características físicas do animal. “Esse animal teria cerca de três metros de comprimento, com dentes grandes, seria bípede e tinha as mãos livres.”

Os ossos encontrados por paleontólogos da Universidade de Santa Maria pertenceram ao maior predador do mundo no período Triássico. Nessa época, o planeta tinha apenas um grande continente, conhecido como Pangeia e os dinossauros circulavam facilmente por todo o território.

No mesmo período, a configuração dos pampas gaúchos era outra. No lugar das extensas planícies, a vegetação predominante era o cerrado, que compõe atualmente o Centro-Oeste brasileiro.

Além do Rio Grande do Sul, os pampas compreendem o Uruguai e parte da Argentina e a região conta com cem sítios arqueológicos.

Os ossos foram encontrados em bom estado de conservação porque, neste local, as inundações causadas por rios carregados de sedimentos que enterraram e fossilizaram os restos dos animais.

O arqueólogo Rodrigo Muller explica como os esqueletos se mantiveram conservado por tantos anos.

“Esse sedimento que temos aqui é um arenito dino, que preserva muito bem fósseis. Temos alguns dinossauros, sinodontes e outros répteis.”

Os arqueólogos encontraram partes dos fósseis e conseguiram remontar a estrutura do predador. Depois de extraídos do solo, eles foram examinados com ferramentas específicas e analisados.

Hoje, a estrutura completa do Gnathorax está exibição em uma caixa de vidro no Centro de Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria.

Eles também encontraram na região restos do Macrocollum itaquii, o mais antigo dinossauro de pescoço comprido do mundo, que viveu cerca de 225 milhões de anos atrás. Os fósseis achados representam uma parte da rica história paleontológica do Brasil.

No ano passado o país teve uma grande perda de material, quando o Museu Nacional do Rio de Janeiro foi atingido pelo fogo. Inúmeras coleções valiosas foram destruídas, incluindo um impressionante grupo de fósseis de dinossauros.

Fazendo uma comparação com o nosso ecossistema atual, o arqueólogo Rodrigo Muller disse que o Gnathorax cabreirai ocupava, no período Triássico, uma posição semelhante à dos leões.

*Com informações da repórter Camila Yunes