Caso ocorreu na Igreja Nossa Senhora Aparecida, na Vila da Palha. Padre não foi localizado pela reportagem. Arquidiocese de Pelotas disse que não irá se manifestar sobre a situação.

Moradores da Vila da Palha, em Pelotas, no Sul do Rio Grande do Sul, foram surpreendidos com a notícia da venda da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Segundo os fiéis, o padre Marcus Bicalho teria vendido a paróquia a vizinhos de muro da edificação por R$ 40 mil, divididos entre R$ 5 mil de entrada e outros R$ 35 mil parcelados em 350 mensalidades de R$ 100.

A RBS TV tentou falar com o padre Marcus Bicalho por telefone e por mensagem, mas não obteve retorno até atualização mais recente desta reportagem. Já a Arquidiocese de Pelotas disse que não conseguiu falar com o religioso e que não vai se manifestar sobre a situação. Os vizinhos compradores da igreja também não quiseram falar com a reportagem.

Já a prefeitura de Pelotas diz que “o documento obtido pela reportagem não é uma escritura, mas sim uma legitimação de posse fornecida a todos os moradores que participaram do processo de Regularização Fundiária” e que está traçando uma estratégia para contestar a venda. Leia a nota completa abaixo.

De acordo com os fiéis, a estrutura da igreja foi erguida pela própria comunidade em 1980. A venda do local, acordada no início deste ano, teria sido encaminhada pelo sacerdote sem consultar os moradores, que relatam que não foram convocados para debater o tema.

“Fomos recebidos por ele, mas ele disse que não tinha reversão a venda, que a gente podia levar pro jornal, fazer o que quisesse, que não tinha como reverter”, diz Elóa Fonseca Rodrigues, aposentada e frequentadora da igreja.

Na Igreja Nossa Senhora Aparecida, eram realizadas missas, celebrações, casamentos e batizados. Durante a pandemia, as atividades acabaram sendo suspensas temporariamente, mas acabaram voltando.

Desde a venda, a antiga fachada azul da edificação foi trocada por um tom próximo ao bege. O telhado triangular, acompanhado de uma cruz, também foi substituído: o local foi transformado em moradia pelos compradores.

“Simplesmente chamaram um charreteiro. [Com] a grande reforma, que o padre diz que fez, tínhamos ali lado, lindo, a Nossa Senhora em um azulejo. Simplesmente rasparam a Nossa Senhora, quebraram tudo e largaram ali na frente, na vizinha”, lamenta Karina Swenson Ferreira, faxineira e também frequentadora da igreja.

Nota de prefeitura de Pelotas
“O secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Ubirajara Leal explica que o documento obtido pela reportagem não é uma escritura, mas sim uma legitimação de posse fornecida a todos os moradores que participaram do processo de Regularização Fundiária. A propriedade, de fato, sobre o lote só será concedida cinco anos após a legitimação. Durante este período – que expira em outubro deste ano – a Prefeitura de Pelotas pode fazer intervenções e contestações, que é o que se está buscando fazer agora com relação a situação da Igreja. ‘Estamos reunindo toda a documentação do caso para, depois, juntamente com a Procuradoria Geral do Município traçar uma estratégia de ação’, diz.”