A recente declaração do presidente Jair Bolsonaro de que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina” repercutiu na Organização Mundial da Saúde (OMS). Durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 4, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, destacou que o primeiro aspecto a ser considerado é que as vacinas erradicaram doenças como sarampo e varíola e fizeram muito pela humanidade. “Essas declarações mostram o quanto é necessário educação, transparência e informação pública sobre a importância das vacinas no geral, e em seguida sobre a vacina contra a Covid-19“, disse. Ela ainda reforçou que nenhuma vacina será liberada antes de os órgãos reguladores e a própria OMS estarem confiantes sobre a segurança e eficácia da imunização.

Apesar de algumas vacinas estarem na fase 3, e sendo testadas em voluntários, a OMS acredita que não haverá vacinação em massa contra o coronavírus antes de meados do próximo ano. “Um número considerável de candidatos já entrou na fase 3 dos testes. Sabemos de pelo menos seis a nove [vacinas] que já percorreram um longo caminho em termos de pesquisa”, disse a porta-voz da OMS, Margaret Harris.

Nessa sexta-feira, um artigo publicado pela revista The Lancet apontou que um grupo de pacientes participantes de estudo da vacina russa desenvolveu resposta imune ao vírus Sars-CoV-2. Os resultados dos dois testes, conduzidos em junho-julho deste ano e envolvendo 76 participantes, mostraram que 100% deles desenvolveram anticorpos para a doença. A Rússia afirma que 40 mil pessoas devem participar do estudo de fase 3 e os resultados iniciais dessa etapa são esperados para outubro ou novembro deste ano.

O que Bolsonaro disse?

No começo da semana, quando foi abordado por uma apoiadora em frente ao Palácio da Alvorada o presidente disse que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar a vacina”. A mulher pediu ao governo a proibição da vacina contra a Covid-19 por considerá-la “perigosa” e ainda disse que “em menos de 14 anos, ninguém pode colocar uma vacina no mercado”. A frase dita pelo presidente foi usada pela Secretaria Especial de Comunicação Social – Secom ao divulgar uma postagem nas redes sociais, o que causou polêmica.

*Com Estadão Conteúdo