Assim como as mortes por motivo de gênero, os demais tipos de assassinatos reduziram em julho, aprofundando a queda no acumulado de 2020. No mês, os homicídios no Rio Grande do Sul baixaram 12,2%, de 148 no ano passado para 130, o menor total em julho desde 2008, quando houve 125 vítimas.

Os dados integram os indicadores criminais apresentados na manhã desta quinta-feira (13) pelo governador Eduardo Leite e pelo vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, em videoconferência com a as chefias de vinculadas da pasta e jornalistas.

No paralelo das somas a partir de janeiro, a queda é de 8,1%, com quase uma centena de vidas preservadas. Foram 1.134 homicídios no período em 2019, contra 1.042 neste ano, o menor total para o intervalo desde 2011, quando o número de vítimas foi de 1.031.

O foco territorial para combate ao crime nos municípios onde ele mais se faz presente, como é feito desde o lançamento do Programa RS Seguro, puxou a redução verificada. No ranking das dez maiores quedas de homicídio no Estado em número absolutos, nove ocorreram em cidades priorizadas pelo RS Seguro.

Em Gravataí, os planos de ação traçados a partir da análise realizada nas reuniões da GESeg (Gestão de Estatística em Segurança) levaram a cidade a alcançar um cenário que não era visto há 18 anos.

Além de liderar o ranking no número de vidas poupadas na comparação destes primeiros sete meses com igual período do ano anterior, o município completou em julho dois meses consecutivos sem nenhum homicídio. Em maio, o último caso foi no dia 23. Depois, só houve nova morte em 12 de agosto.

A última vez que a cidade havia encerrado um mês sem assassinatos havia sido em agosto de 2006, e a sequência de meses com o indicador zerado não acontecia desde março de 2003.

Naquela época, a dinâmica de organizações criminosas ainda era bastante incipiente e Gravataí tinha uma população de 248,5 mil habitantes. Hoje, o número de habitantes cresceu 13%, para 281,5 mil moradores (IBGE), enquanto o número de homicídios acumula queda de 55% na comparação de janeiro a julho deste ano com igual período de 2019.

Conforme o delegado Eduardo Amaral, titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Gravataí), o resultado reflete a integração adotada como premissa pelo RS Seguro, com trabalho conjunto da Polícia Civil com a Brigada Militar e a Guarda Municipal.

“Através desse trabalho integrado conseguimos aprimorar o levantamento das organizações criminosas que atuam na cidade e identificar com maior rapidez autores de homicídios. Com a investigação mais qualificada, agilizamos as prisões e conseguimos manter esses indivíduos segregados por mais tempo, o que também contribui para redução dos índices”, detalha Amaral.

O delegado destaca ainda que, desde janeiro de 2019, só a DHPP já realizou mais de 200 prisões, neutralizando a ação de homicidas e envolvidos com organizações criminosas que, mais à frente, poderiam provocar novos crimes fatais. “Além da integração, essa ação de inteligência para antecipar cenários e qualificar as apurações é fundamental para o nível de controle que conseguimos”, acrescenta.

Em Porto Alegre, que também compõem o grupo de 23 municípios priorizados pelo RS Seguro, os homicídios mantêm tendência de redução. No acumulado desde janeiro, a capital soma o menor total de vítimas desde 2010. Foram 179 assassinatos contra 203 registrados no mesmo período em 2019 (-11,8%). Em julho, a cidade repetiu o cenário do ano passado, com 29 óbitos, também o menor número para o mês em 11 anos.

Em geral, ao contrário do que se verifica nos crimes contra o patrimônio, a variação dos homicídios no Estado está descolada da influência da Covid-19. De janeiro a março, período que só teve a presença da pandemia na última quinzena, houve redução no número de assassinatos.

Em abril e maio, quando as restrições impostas para prevenir o contágio pelo novo coronavírus foram mais rigorosas, o indicador fechou com leve alta. Em junho e julho, esse tipo de crime voltou a cair. Ou seja, não há uma constância que indique impacto da pandemia, como ocorre entre os delitos patrimoniais, cujas reduções têm sido aprofundadas desde que as medidas para reduzir a circulação de pessoas foram adotadas.