O ano letivo mal vai ter começado em 2021 e prefeitos e secretários de educação já terão uma série de desafios para enfrentar. Um deles será: como superar o prejuízo gerado por quase uma ano de afastamento das aulas presenciais? Para Sofia Lerche, especialista da Fundação Getúlio Vargas a situação precisa ser encarada como a de um pós-guerra. “Seja pelo luto, seja pela falta de convivência, seja pela violência doméstica. Então a gente precisa receber estas crianças com a consciência de que elas sofreram traumas diversos, que elas perderam a convivência, perderam amigos. Então é quase uma situação de pós-guerra, eu diria”, afirma a especialistas. Na opinião do professor Luis Carlos de Menezes, do Instituto de Estudos Avançados da USP, as escolas precisam ser solidárias neste momento. “Nos primeiros momento da retomada, no reencontro da rotina presencia é muito importante que não façamos reprovações ou segregações por conta do desempenho no intervalo de quarentena ou de distanciamento”, explica.

Outra dúvida dos especialistas é em relação ao próprio ano letivo. A ex-coordenadora da Educação Infantil no Ministério da Educação, Rita Coelho, avalia que já houve perdas no aprendizado e que agora é preciso minimizar os danos. “Isso pode significar um ano estendido, então os conteúdos que eram desse ano vão para 2021 e pode significar uma revisão dos nossos objetivos de aprendizagem, então eu vou centrar nas aprendizagens essenciais”, afirma. No Brasil, os municípios são responsáveis por fornecer creches para crianças de até três anos, pré-escolas na faixa etária de quatro e cinco anos e o ensino fundamental, de sete a 14 anos. Em São Paulo, a cidade mais populosa do país, a prefeitura recebeu 5.800 pedidos de matrícula para o ensino infantil entre maio e julho deste ano. O número é 28% maior do que as solicitações feitas no mesmo período do ano passado.

*Com informações da repórter Nicole Fusco