A crítica pública de Jair Bolsonaro (sem partido) à equipe do ministro Paulo Guedes sobre o Renda Brasil não caiu bem no mercado e fez o dólar fechar esta quarta-feira, 26, com alta de 1,54%, a R$ 5,61. Esta foi a maior valorização da moeda norte-americana ante o real desde o dia 20 de maio, quando foi cotada a R$ 5,69. O Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 1,46%, aos 100.627,33 pontos. Durante a tarde, o índice chegou a mínima de 99.356,46 pontos.

O descontentamento do presidente com o Ministério da Economia gerou incertezas entre os investidores sobre a manutenção da agenda de controle fiscal defendida por Guedes, ou até mesmo a permanência do “posto Ipiranga” no cargo.  A manifestação pública de Bolsnoaro reacendeu a possibilidade de uma “fritura” de Guedes, semelhante ao processo passado por Sérgio Moro semanas antes de deixar o Ministério da Economia. Para auxiliares, no entanto, o episódio não deve influenciar na continuidade de Guedes à frente da pasta

“Ontem discutimos a possível proposta do Renda Brasil. E eu falei ‘está suspenso’, vamos voltar a conversar. A proposta, como a equipe econômica apareceu para mim não será.  enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos. Não podemos fazer isso aí”, disse Bolsonaro, durante evento em Minas Gerais, nesta quarta. Os técnicos do ministério terão que apresentar a nova versão do projeto até a próxima sexta-feira, 28, para que ele seja incluído no Orçamento de 2021.

A confirmação de que o novo imposto planejado pelo governo federal incidirá sobre todas as formas de pagamento, e não apenas nas transações digitais, também refletiu negativamente no mercado financeiro. A “nova CPMF” havia sido anunciada durante os trâmites da reforma tributária como opção para desoneração da folha de pagamento e redução sobre o “custo do emprego” no país. O tributo deve incidir 0,2% sobre as transações, com arrecadação estimada em R$ 120 bilhões ao ano. A redução de tributos sobre a carteira de trabalho é uma das medidas propostas pelo Executivo para estimular o emprego no país.