O Hospital de Campanha do Parque dos Atletas, na zona oeste do Rio de Janeiro, deu alta nesta segunda-feira, 7, a seus dois últimos pacientes e começará a ser desativado amanhã, segundo a Rede D’or, responsável pela gestão. A unidade foi montada exclusivamente com recursos privados como parte da resposta à pandemia da Covid-19 e atendeu a 621 pacientes, apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O hospital foi inaugurado em 11 de maio, em meio ao pico da pandemia e ao atraso na entrega dos sete hospitais de campanha que haviam sido prometidos pelo governo do estado, e tinha a programação de funcionar por apenas quatro meses.

Segundo a Rede D’Or, 90% dos internados que chegaram à unidade precisaram em algum momento de leitos de terapia intensiva. Entre eles, 199 ficaram no respirador mecânico e 104 precisaram de diálise. Os pacientes vieram de 27 municípios do Rio de Janeiro, transferidos de 106 unidades públicas de saúde. Para marcar o fechamento do hospital e homenagear as vítimas da Covid-19, profissionais da unidade devem realizar um minuto de silêncio e soltar balões brancos amanhã, quando começará a desativação.

Devido à alta demanda, o hospital teve o número de leitos de UTI ampliado. Na inauguração, a unidade operava com 150 leitos de enfermaria e 50 de UTI, mas 50 vagas do primeiro grupo precisaram ser readequadas para atender aos casos mais graves. O investimento privado para montar a unidade foi de R$ 62 milhões, valor que foi colocado por um grupo de empresas lideradas pela Rede D’or. Com o fechamento do hospital, encerram-se as atividades dos hospitais de campanha construídos pela iniciativa privada no Rio de Janeiro. Em agosto, o Hospital de Campanha do Leblon, na zona sul, também encerrou suas atividades após um período de funcionamento de quatro meses.

Corrupção

O Supremo Tribunal de Justiça referendou no início deste mês o afastamento de Wilson Witzel pela Operação Tris In Idem, que investiga desvios na área da Saúde, inclusive na construção de hospitais de campanha. Segundo a decisão do STJ, o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, foi usado para “escamotear o pagamento de vantagens indevidas de R$ 554 mil ao governador, por meio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades de saúde” – o local teria sido usado para repassar valores provenientes de desvios a Witzel. Este foi um dos casos mais robustos confirmados pela Polícia Federal dentre as operações que investigam irregularidades em recursos da pandemia da Covid-19, conhecidas como Covidão. 

* Com informações da Agência Brasil