As tratativas do governo do Paraná com a Rússia para possível acordo e obtenção da vacina Sputnik V contra a Covid-19 estão em “fase bem inicial”, explica o diretor-presidente do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Jorge Callado. Em entrevista à Jovem Pan nesta segunda-feira, 17, o executivo afirmou que a importação do imunizante, assim como o compartilhamento da tecnologia para fabricação da vacina, depende do resultados de testes clínicos e da autorização dos órgãos reguladores. “O Paraná assinou o memorando de entendimentos com a Rússia e estamos fazendo os ajustes iniciais com os técnicos para falar sobre metodologia e proporcionar a realização de termos de cooperação. Temos que primar pela segurança, transparência e prudência nesse tipo de assunto. Sabemos que estamos enfrentando uma pandemia, mas é importante apresentar algo consistente para a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Então estamos fazendo os ajustes iniciais para buscarmos autorização dos órgãos reguladores”, afirmou.

Segundo Jorge Callado, o Paraná será o “braço técnico executor do acordo para a realização dos testes da Fase 3” da vacina, “uma vez que as etapas 1 e 2 já foram realizadas na Rússia”. Com isso, o governo estadual solicitará autorização da Anvisa para realização dos testes clínicos no estado e, “com resultados promissores será confirmada a segurança, eficácia e eficiência” da vacina. No entanto, de acordo com o diretor, são aguardados artigos que comprovem a conclusão das etapas iniciais da vacina na Rússia, o que é necessário para a continuidade dos acordos. Entretanto, a falta de informações sobre os testes da vacina Sputnik V é, justamente, um dos motivos que causa desconfiança de infectologistas e até mesmo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a eficácia do imunizante.

Mesmo com as opiniões contrárias, a expectativa do governo do Paraná é que doses da vacina possam ser importadas ainda neste ano, caso “a fase de testes seja muito positiva e se obtenha o registro no Brasil”, explica Jorge Callado. Ao mesmo tempo, no entanto, a transferência de tecnologia para fabricação das doses no país deve levar mais tempo. “Tem que desenvolver tecnologia e fortalecer essa massa crítica de produção. Para iniciar a fabricação no Brasil, os laboratórios precisam passar por adaptações, então posso dizer que a fabricação tem chance de iniciar no segundo semestre de 2021. Mas a vacina pode chegar antes, no final do ano ou início do próximo”, afirma o diretor-presidente do Tecpar, que garante que “etapas não serão queimadas” e reafirma a necessidade de realizar o desenvolvimento da vacina seguindo os parâmetros da Anvisa para atingir o objetivo de “auxiliar o Brasil a ter uma vacina segura e eficaz” contra a Covid-19.