(Bloomberg) – A Alemanha anunciou o primeiro caso de peste suína africana, o que ameaça afetar as exportações do maior país produtor de suínos da Europa.

O caso foi confirmado no estado oriental de Brandemburgo, disse a ministra da Agricultura, Julia Kloeckner, em conferência de imprensa na quinta-feira em Berlim. O vírus, que mata a maioria dos porcos infectados em 10 dias, mas não é prejudicial aos humanos, foi detectado em um javali morto encontrado próximo à fronteira com a Polônia.

“O caso suspeito infelizmente foi confirmado”, disse Kloeckner. Os testes no javali foram realizados no instituto de saúde animal da Alemanha, e áreas sensíveis serão isoladas, acrescentou a ministra.

O maior produtor de carne suína da União Europeia e um importante fornecedor para a China, o maior consumidor, tem treinado cães para farejar javalis mortos, instalado cercas elétricas ao longo da fronteira oriental e solicitado a motoristas que não joguem restos de sanduíches de presunto pela janela para evitar que a doença entre no país.

O surto de peste suína representa mais um obstáculo para a Alemanha em meio à pandemia de coronavírus. O confinamento nacional na primavera mergulhou a economia na pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, e a atividade não deve retornar aos níveis anteriores à crise até o fim do próximo ano, no mínimo.

A maior processadora de suínos da Alemanha foi fechada por um mês neste verão, depois que mais de 1.000 trabalhadores testaram positivo para o coronavírus, e outras unidades de abate também foram fechadas temporariamente devido aos surtos. Com isso, a produção se manteve abaixo dos níveis normais, e produtores de carne em toda a Europa e nas Américas enfrentaram problemas semelhantes à medida que frigoríficos se tornaram focos de coronavírus.

Assim que um caso de peste suína é confirmado, mesmo que seja em um porco selvagem, as exportações de carne suína alemã para países fora da UE não são mais permitidas, enquanto as vendas para o bloco ainda são possíveis sob certas condições, de acordo com o grupo de lobby agrícola DBV.

As exportações alemãs fora da UE podem enfrentar a uma “interrupção bastante rápida” se o caso for confirmado, disse Justin Sherrard, estrategista global de proteína animal do Rabobank, antes do anúncio de Kloeckner. Isso poderia beneficiar as vendas de outros exportadores europeus, incluindo Espanha ou Dinamarca, bem como as vendas dos Estados Unidos, Canadá ou Brasil.

Isso aconteceria em um momento em que as compras chinesas aumentam à medida que o país tenta recompor os próprios rebanhos, pois surtos de peste suína africana dizimaram a produção. O Departamento de Agricultura dos EUA espera que os embarques globais de carne suína aumentem quase 20% em comparação com 2019.

Na vizinha Polônia, os casos subiram recentemente. De acordo com as últimas estimativas da Comissão Europeia, o país tem mais de 3 mil infecções confirmadas, principalmente em javalis. A doença pode ser transmitida pelo contato direto entre animais saudáveis e doentes, bem como pela alimentação de lixo contendo carne infectada.

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