Por Redação O Sul | 14 de setembro de 2020

Projeto prevê investimento de quase R$ 30 bilhões. (Foto: Divulgação/Argentina)
Recentemente nomeado embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli oficializou ao governo de Jair Bolsonaro um projeto bilionário de gasoduto para escoar até Porto Alegre a produção da reserva de gás de xisto de Vaca Muerta (uma das maiores reservas da modalidade no mundo). O objetivo é fazer da capital gaúcha uma conexão para o abastecimento de outros mercados brasileiros.
O projeto abrange a ampliação da capacidade de transporte pelo sistema, que totaliza 1,4 mil quilômetros de dutos e corta o país vizinho. Ao todo, estima-se que o investimento necessário seja de quase US$ 5 bilhões (quase R$ 30 bilhões de reais), a ser bancado pelos dois lados.
Desse montante, US$ 3,6 bilhões se referem ao trecho entre a província de Neuquén (local das jazidas) e a cidade gaúcha de Uruguaiana (Fronteira Oeste). Outro US$ 1,2 bilhão está relacionado ao trecho Uruguaiana-Porto Alegre, com quase 600 quilômetros de extensão e que ficaria sob responsabilidade brasileira.
A nova infraestrutura faz parte dos planos de Buenos Aires para impulsionar o uso do gás de Vaca Muerta pela indústria brasileira. Se confirmada a sua execução, o projeto demoraria em torno de três anos. “É o nosso grande projeto binacional”, ressaltam fontes ligadas ao país vizinho.
A ideia é aumentar para 15 milhões de metros cúbicos por dia o envio de gás pela Argentina. A capacidade total, porém, pode dobrar, aproximando-se do desempenho atingido pelo Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolívia).
Atualmente, a Argentina envia diariamente 3 milhões de metros cúbicos, para o acionamento da usina térmica de Uruguaiana, movida a gás natural. A remessa, além de relativamente pequena, é feita sob um ritmo irregular, principalmente nos períodos de seca e quando reservatórios das hidrelétricas estão em queda.
Vantagens para o país vizinho
Para a Argentina, o benefício da parceria não estaria só na venda direta do gás. Com acesso a um mercado tão grande como o brasileiro, seria mais fácil atrair investimentos também para o aumento da exploração em Vaca Muerta.
Gigantes como Shell, Exxon e Total atuam em Neuquén. O megacampo teve suas reservas confirmadas há nove anos e já produz, diariamente, mais de 70 milhões de metros cúbicos, além de 150 mil barris de petróleo.
O país vizinho pretende formalizar proposta de constituir um “comitê técnico de planejamento bilateral” para avançar nos temas de integração energética. No começo deste ano, durante o Fórum de Davos (Suíça), o presidente da estatal petrolífera YPF, Guillermo Nielsen, já havia mencionado a ideia do gasoduto ao ministro brasileiro Paulo Guedes (Economia), sendo ouvido com interesse.
(Marcello Campos)